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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

ENTÃO... O QUE VOCÊ QUER SER? UM NADADOR RÁPIDO OU UM TRIATLETA RÁPIDO?


A maioria dos triatletas, independentemente da sua habilidade ou de sua experiência em natação, acredita que a única forma de alcançar velocidade nesta modalidade, e em consequência melhorar sua performance geral no triathlon, é nadar mais forte e mais rápido durante os treinos. Mas se não se tomar cuidado, treinar excessivamente forte pode afetar negativamente o regime de treinamento do triathlon como um todo.

Quer dizer então que treinar forte é ruim?

Bem, depende...!
Se você é um nadador competitivo, não necessariamente, visto que boa parte de seu treino consistirá em sessões de intervalos intensos e anaeróbicos. Entretanto, você deve ter em mente que você não é um nadador competitivo, qualquer que seja sua habilidade ou experiência. Você é um triatleta, e deve pensar, treinar e competir como um triatleta. Assim, na condição de triatleta, treinar como um nadador - intensa e anaerobicamente - pode afetar negativamente seu nível geral de condicionamento assim como sua performance no triathlon.

Isto não quer dizer que a natação não seja um esporte difícil. Mesmo nadar "leve" pode ser difícil - e parecer duro - para um indivíduo com pouca ou nenhuma experiência no esporte. E ocasionalmente, trabalho de velocidade - que consiste em nadar forte - é necessário e benéfico para uma melhoria geral. Mas a maior parte das sessões de treinamento de natação para um triatleta devem ser longas, confortáveis e relativamente fáceis... você sabe... AERÓBICAS! E aqui reside a diferença entre o nadador e o treinamento de natação do triatleta.

Deixe-me explicar...
Para começar, é uma simples constatação - nadadores competitivos nadam forte e rápido durante os treinos para que possam nadar rápido e forte durante os torneios. Eles forçam suas frequências cardíacas aos níveis máximos, e fazem isso durante a maior parte do tempo durante as sessões de treinamento. Como é frequente ocorrer, triatletas se juntam a turmas de natação de masters cujos membros são predominantemente nadadores competitivos, e na falta de melhor informação, treinam de acordo com as necessidades destes. Assim, eles também nadarão rápido durante os treinos, forçando sua frequência cardíaca aos níveis máximos com o objetivo de melhorar a performance na "perna" de natação e por consequência no triathlon como um todo.

Quando um nadador compete em um torneio, ele pode tipicamente nadar três ou quatro etapas ao longo de um período de oito horas, tendo cada etapa em geral uma duração entre 25 SEGUNDOS e 2 MINUTOS! Ele nada cada etapa, pula fora da piscina, se enxuga e DESCANSA, até a próxima etapa - algumas vezes duas horas depois.

Infelizmente, um triatleta não pode se dar ao luxo de descansar após a perna de natação de um triathlon. Vem o dia da prova, o triatleta completa a natação a um ritmo rápido (relativo ao seu treinamento), sai da água, tira fora a roupa de borracha, coloca um par de sapatilhas e um capacete, pula na bicicleta e vai embora. Não só o triatleta não terá a chance de descansar após a natação, como também ele muito provavelmente fará a perna de ciclismo a uma frequência cardíaca consideravelmente mais alta do que aquela à qual ele está acostumado a treinar na bike. Um fator fisiológico que poderá afetar negativamente a perna seguinte de corrida e a performance geral na prova.

Por exemplo:
Digamos que você seja um atleta de 40 anos e que você esteja se preparando para a primeira prova da temporada - um triathlon olímpico. Durante as últimas 18 semanas, seu treinamento foi mais ou menos assim...

Natação: 3x por semana, predominantemente intervalos fortes de crawl com alguma ênfase em braçadas.
Bicicleta: predominantemente treinamento aeróbico com algum trabalho de qualidade. Frequência média durante os treinos - 125 bpm.
Corrida: predominantemente treinamento aeróbico com algum trabalho de qualidade. Frequência média durante os treinos - 135 bpm.

Tudo está tinindo. Sua corrida e sua bike estão com tudo em cima e você está nadando mais rápido do que nunca. Chega o grande dia, você está pronto. A buzina anuncia o início da prova e lá vai você para a água. Ao final da natação, você sai da água, olha para o seu monitor de frequência e percebe que ele marca 175 bpm. Ou seja, no começo do ciclismo sua frequência está em torno de 50 bpm acima da frequência normal em seus treinos de bike. Felizmente, após dois ou três quilômetros sua frequência cai, mas provavelmente não a totalidade dos 50 bpm. Muito provavelmente, ela vai se estabilizar em torno de 145-155 bpm, ou seja uma recuperação de 20-30 bpm. Como a prova é distância olímpica, você vai pedalar 40km com a frequência 20-30 bpm mais alta do que nos treinos! E isto será o início do fim, pois você pagará o preço na perna de corrida.

Vamos parar agora só por um momento e pensar neste cenário. Você treinou diligentemente para esta prova durante 18 semanas e sua frequência média no ciclismo foi 125 bpm. Durante a prova, você pedalou 40km com sua frequência a 145-155 bpm.

Por quê?
Olhando para trás, em quantos treinos de ciclismo durante estas 18 semanas você realmente pedalou o tempo todo a uma frequência de 145-155 bpm... e manteve o ritmo por 40km? Talvez em algumas sessões qualitativas de sprint, mas por todo um trecho de 40 km? E mesmo que você achasse que poderia treinar a estes níveis de batimento, tentar fazê-lo poderia deixá-lo sem gás ou pior... lesionado! Com base neste cenário, dá para perceber como você poderá estar exausto no início da perna de corrida?

E tudo começou com a natação!

Agora, se você tivesse saído da água, na mesma prova, com sua frequência mais perto dos 140 ou 150 bpm, e se você recuperasse os mesmos 20-30 bpm durante o ciclismo, sua frequência estaria em torno de 120 a 130 bpm - sua frequência normal de treino! Isto não o deixaria mais preparado para a corrida? Assim, não parece lógico para um triatleta competindo em uma prova diminuir seu ritmo de natação para conservar energia para o ciclismo? Faz sentido, não? Isto só pode beneficiar sua performance no ciclismo e na corrida. E se sua prova é resultado direto do seu treinamento, então faz mais sentido ainda basear seu treinamento desta forma.

Pegue por exemplo o triatleta Alec Rusksouev, vencedor em 1995 e 1996 do Gulf Coast Triathlon em Panama City Beach, Florida. Ao final da natação durante a prova de 1996, sua parcial foi 2 minutos mais lenta que em 1995, mas ainda assim ele conseguiu estabelecer um recorde pessoal ao completar a prova 3 minutos mais rápido que no ano anterior. Assim, nadar mais lenta e aerobicamente levou não apenas a um ataque mais balanceado mas também a uma performance final mais rápida.

Portanto, amanhã de manhã, antes de tomar impulso para aquela série impossível de crawl, pergunte a si mesmo... Eu quero ser um nadador rápido ou um triatleta rápido?


Hazen Kent é nadador master, triatleta e fundador/webeditor do site Tri-Newbies Online, dedicado ao triathlon.

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